São Paulo
— As chances de Michel Temer ver
seu mandato abreviado já chegam
a 70%, segundo cálculo da consultoria Eurásia divulgado cinco dias
depois do início da maior crise do governo do peemedebista. No centro desse
verdadeiro terremoto político estão as delações premiadas dos executivos do
grupo J&F – em
especial a gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista e o
presidente no Palácio do Jaburu em 7 de março. Dos quatro caminhos que
podem levar ao fim do governo Temer, o mais rápido é a renúncia – hipótese já
descartada pelo peemedebista. Veja os outros:
Renúncia
Esse é o
caminho mais curto para uma eventual abreviação do mandato do peemedebista.
Mas, a despeito da pressão externa, é um ato que depende exclusivamente de uma
decisão dele. Até o momento, o presidente afirma que não irá renunciar
pois, como disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta segunda,
abdicar do cargo seria uma declaração de culpa.
Cassação via
TSE
Está marcado
para o próximo dia 6 de junho o início
do julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). A ação
contra a campanha que elegeu Temer como vice-presidente foi movida pela
Coligação Muda Brasil, liderada pelo PSDB, e tramita na corte eleitoral desde
dezembro de 2014.
A princípio,
o resultado do julgamento da chapa pode sair já na primeira semana de junho. No
entanto, na prática, não há uma data certa para o veredito já que vários
dispositivos podem atrasar ainda mais o seu desenrolar.
A começar
pela possibilidade dos próprios ministros do TSE pedirem mais tempo para
analisar a ação, o chamado pedido de vista. O problema: quando isso acontece, o
regimento interno não prevê um prazo máximo para que o tema volte à pauta da
corte.
Além disso,
se a sentença for negativa, as defesas podem recorrer ao Supremo Tribunal
Federal (STF). A princípio,
até que a mais alta corte do país dê seu veredito, o efeito da decisão do TSE
fica suspenso.
Impeachment
Desde que
veio a público o conteúdo das acusações dos executivos da JBS contra o
presidente Temer, 13 pedidos de impeachmentforam
protocolados na Câmara dos Deputados.
O último
deles, da OAB, defende
que o peemedebista cometeu crime de responsabilidade por não comunicar
as autoridades competentes sobre crimes confessados pelo empresário Joesley
Batista durante reunião no Palácio do Jaburu, em 7 de março.
A abertura de
um processo de impeachment, no entanto, depende exclusivamente do aval do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E até o momento ele tem sido reticente em
relação ao destino das denúncias. Segundo Maia, os pedidos devem ser analisados
com “paciência” e não podem ser decididos como se estivesse num “drive-thru”.
De qualquer
forma, uma vez aberto, o processo de impeachment tem um longo percurso na
Câmara e no Senado. No caso de Dilma Rousseff, foram nove meses de
tramitação.
Ação penal
Neste
momento, o presidente é alvo de um inquérito no STF pelas acusações dos
executivos da JBS.
Se as
investigações apontarem elementos suficientes que indicam que Temer teria
cometido crime no mandato atual, a Procuradoria-Geral da República pode
apresentar uma denúncia contra o presidente.
As acusações,
contudo, só seriam enviadas ao STF após aprovação de dois terços da Câmara dos
Deputados. Se autorizada pela Casa Legislativa, a denúncia deve ser analisada
pelo Supremo. Se acolhida, Temer vira réu e é afastado até a conclusão do
julgamento.
O ritmo das
investigações da primeira “lista de Janot”, que abriu a primeira leva de
inquéritos contra políticos com mandato na Lava Jato, pode dar uma pista de
quanto tempo o processo no STF pode demorar. Em dois anos, apenas
cinco dos 50 políticos citados viraram réus.
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