segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Lavagem da escadaria da Catedral de Ilhéus reúne nativos e turistas em cortejo de fé










A edição 2018 da Lavagem da Escadaria da Catedral de São Sebastião, em Ilhéus, um dos principais eventos do verão na cidade, arrastou uma multidão em um cortejo de fé pelas ruas do centro histórico. A manifestação popular aconteceu na quinta-feira, 18, mobilizou ilheenses e turistas de várias partes do Brasil e do mundo. O trajeto de três quilômetros, entre a Avenida Dois de Julho e a Praça Dom Eduardo, é percorrido com muita alegria, música e elementos característicos do sincretismo religioso.

A festa reuniu fiéis católicos e das religiões de matrizes africanas, marca das manifestações culturais da Bahia. O cortejo, feito a pé, foi precedido por um grupo de baianas, tipicamente vestidas, seguido por uma multidão, cuja maioria exibia roupa branca. Também participaram grupos culturais ligados aos terreiros Ilê Axé Ballomi, de Pai Toinho; Sultão das Matas; de Mãe Carmosina; terreiro de Mãe Luiza, do Banco da Vitória; de Pai Val, do Teotônio Vilela; de Mãe Conceição, da Avenida Esperança e do terreiro de Mãe Jeci, do Alto do Coqueiro.

Dia festivo – Emocionado, o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, destacou o evento como um elemento de preservação da cultura da cidade, que é reconhecida historicamente pelas suas manifestações populares, e enalteceu a festa tradicional como um exemplo de tolerância e respeito às diferenças e à liberdade religiosa. “Estou feliz em ver o povo de nossa cidade, turistas de várias partes, numa incrível demonstração de fé, alegria e esperança por dias melhores”, frisou.

Por sua vez, o vice-prefeito José Nazal lembrou que cidade é possuidora de riquezas inigualáveis, a exemplo de seu patrimônio material e imaterial. Segundo ele, a cultura, a tradição, o folclore e os costumes revelam a identidade da cidade histórica. “Manter esta tradição é assegurar um projeto cultural para as futuras gerações e aqui, na praça, vemos milhares de pessoas e turistas percorrendo nossas ruas históricas, registrando e divulgando essas belíssimas imagens para o mundo”, pontuou Nazal.

Baianas – Além de garantir beleza ao cortejo, as baianas carregam jarros com água de cheiro (preparada com flores e folhas cheirosas utilizadas nos rituais dos terreiros de Candomblé) e realizam o ritual da lavagem da escadaria da Catedral. Os fiéis e demais participantes aproveitam para fazer e renovar pedidos, e agradecer as graças alcançadas. As demonstrações de fé estão entre os motivos que atraem os turistas a participarem da lavagem, tradição baiana que reúne “o sagrado e o profano” nas comemorações religiosas da cidade.

“Há 74 anos participo desta festa, desde a época da saudosa Mãe Roxa, Pai Pedro e hoje estou aqui, representando o meu povo e pedindo que Deus e São Sebastião nos dê muita fé”, disse a Mãe Carmosina, de 100 anos, uma das lideranças religiosas da cidade de Ilhéus.

Turistas – A turista Carla Dias, do Rio de Janeiro, uma das passageiras do navio transatlântico MSC Música, escutou o som dos tambores e tratou de acompanhar o cortejo. “Estava visitando o Bataclan e o mercado de artesanato quando ouvi o “furdunço”, como se fala por aqui. Amei, porque só conhecia a Lavagem do Bonfim, em Salvador e, justamente hoje, durante a nossa estada estar rolando uma festa dessas é lindo demais”, comemora a turista.

Darlene Cardoso, de São Paulo, outra cruzeirista que visitou a cidade, revela que a lavagem da escadaria da Catedral de Ilhéus é uma das mais fascinantes festas que já presenciou. Para ela, poder celebrar a paz, a alegria e a comunhão é motivo de muita alegria. “Sou umbandista e, ao visitar a Catedral notei a mistura forte entre as religiões, pois em tempos de intolerância, ver essa união é foi maravilhoso”, destacou.

Estratégia – O secretário de Turismo e Esportes de Ilhéus, Roberto Lobão, argumenta que estrategicamente a festa foi antecipada em dois dias, justamente por conta da chegada de um transatlântico na cidade. Para ele, a inovação foi um sucesso. “Isso possibilitou o aproveitamento de mais turistas na cidade que escolhem a temporada de verão para conhecer os mais belos destinos turísticos, e Ilhéus é um deles. Esta festa leva a marca da nossa cultura para o mundo”, destaca Lobão.

O cortejo da lavagem ocorre desde a primeira metade do século XX e é uma tradição dos estivadores ilheenses, marcado pela alegria, música e agradecimento ao padroeiro da categoria. Estiveram presentes no evento, representações políticas que destacaram a importância da festa para o setor turístico.

Secretaria de Comunicação Social – Secom

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